quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Passarolindo

Passarolindo morava dentro de um sapato. Um dia caiu uma chuva forte e Passarolindo passou a noite tirando a água de dentro de sua casa com um balde. No dia seguinte ardia em febre. Um menino passou, pegou Passarolindo e cuidou dele. Curado, Passarolindo pode voltar pra sua casa no sapato.

É mais ou menos assim a história do Passarolindo, um livro que o Tomás trouxe da escola. Junto com o livro, em uma sacola, havia um passarinho de pano, um sapato e um baldinho de brinquedo bem pequenininho. Tomás adorou ler a história comigo. Não soltava o bichinho. Ele atacava o chão quando Passarolindo "comia minhoca" e balançava as mãos pra cima quando Passarolindo "voava nas nuvens". Corria pela casa mostrando todos os cômodos para seu novo companheiro de brinquedo e até fez a Fanta brincar com o boneco-passarinho.

No dia seguinte, quando cheguei no Balão pra buscar o Tomás, ele estava aos prantos. A professora explicou que ela acabara de contar para a turma que Passarolindo estava indo pra casa de outra colega. Tomás logo correu pra perto da bolsa da colega. Aflito, ia tirando da sacola as peças com que havia brincado na noite anterior. Mas a professora insistiu que ele não poderia levar a sacola, a vez dele já tinha passado. Ele então veio me abraçar chorando e a colega, percebendo a ameaça, fez o mesmo. A professora, então, disse que ele poderia levar Passarolindo novamente, mas num outro dia, pois agora Passarolindo já estava prometido. A menina se desgrudou de mim bem contente. Tomás chorou mais um pouco e depois se acalmou. 

Alguns dias depois, flagrei Tomás colocando um pinguim dentro de um tênis. Ele colocava o brinquedo no tênis, depois tirava e agitava as mãos pra cima, "nas nuvens".

Ah, Tomás, Papai Noel já tinha mesmo me perguntado o que você queria de natal, mas eu não tinha nem uma dica pra dar, mas agora que você pediu, ficou fácil. O livro, já encomendei na livraria, o passarinho, sua avó vai fazer com um tecido bonito, estampado de florzinha e o baldinho, tenho certeza que vou encontrar.

Vai ser um feliz natal, um Natalindo!

sábado, 3 de setembro de 2011

Tomás no Balão


Antes de o Tomás nascer eu já queria que ele estudasse no Balão. Eu falava: "O Tomás vai estudar no Balão". Quando ele tinha 4 meses eu já não aguentava mais, então fomos fazer entrevista para "reserva de vaga". Eu já sabia que pra entrar no Balão ele precisava estar andando, mas a Leninha ressaltou: "Não precisa saber falar, basta andar". E eu falava com ele: "Anda, meu filho, anda pra ir pro Balão..."


E de tanto eu querer ou então porque ele é mesmo muito esperto, o Tomás deu seus primeiros passos antes de completar 11 meses. Então, no começo do semestre, lá estava ele, com sua mochila de avião, pronto pra ir pro Balão.

Ele adorou o Balão desde o começo. Nos primeiros dias, enquanto ele ainda estava em fase de adaptação, eu ficava com ele. Ele ainda não entendia muito bem as outras crianças, queria tudo pra ele e ficava muito bravo na hora de guardar os brinquedos. Depois ele descobriu que as coisas legais aconteciam ali onde os coleguinhas estavam e resolveu se juntar a eles, passando a fazer parte do pequeno bando, ou  da "meninada", como as turmas são chamadas por lá.

Um dia era dia dos Pais. Eu cheguei pra buscá-lo e a professora me entregou uma latinha com o "presente pro papai". Era o primeiro dia que o Tomás ficava sozinho na escola. Eu peguei a latinha e disse: "Olha, tem uma foto do Tomás". E fui saindo apressada, um pouco porque estava meio nervosa por ele ter ficado sozinho, um pouco pra não roubar o tempo da professora que tinha mais um tanto de outras crianças. Mas ela pegou a latinha de volta e disse orgulhosa: "A foto é dele fazendo o que está dentro", abriu a latinha e mostrou: "Um chaveiro! Foi ele mesmo quem fez."

E ali, diante da professora que com uma mão segurava o Tomás e com a outra exibia orgulhosa uma espécie de patuá gigante cheio de borrões coloridos, eu entendi, ou melhor, me lembrei por que quis tanto que o Tomás conhecesse o Balão.

Hoje, quando eu chego pra pegá-lo, ele vem todo risonho tentando me contar o que aconteceu no dia. Faz isso através de uns gestos bem engraçados porque, vocês sabem, ele ainda não fala, mas sabe andar. Fica nervoso se eu não entendo. Ele quer muito que eu saiba o quanto tudo foi legal. A professora traduz e só então ele vem satisfeito pro meu colo.

Mas eu já sabia, Tomás, eu já sabia...

terça-feira, 12 de abril de 2011

O Batizado

A Maelle, minha petite princesse francesa, foi batizada com mais de um ano. Ela já sabia andar, mas ainda não falava. Foi uma grande festa, primeiro na igreja e depois um almoço em casa, no jardim. Avós, tios e primos vieram de longe e os vizinhos não deixaram de participar. Ela não sabia o que era batizado, mas entendeu que aquilo tudo era pra ela. E ela gostou. Na igreja se comportou muito bem. Orgulhosa, apontava a madrinha que, ela sabia, seria dali em diante uma pessoa ainda mais importante. Na festa ela corria tentando acompanhar os primos mais velhos. Caía, olhava pra mim e ria, mesmo assim... Ficou exausta e acabou adormecendo na cadeirinha de refeição enquanto jantava. E assim, a Maelle entendeu o batizado.

Por isso eu queria que o Tomás fosse batizado assim também, quando pudesse entender. Mas o Tomás ainda era muito pequenininho. Na igreja ele só queria olhar as luzes no teto altíssimo e gritava, animadíssimo. Passou de colo em colo tirando fotos e então fomos pra festa.

A festa, na casa da madrinha, estava ainda mais cheia e Tomás era o centro das atenções. Tinha gente que ele nem conhecia, muitos colos diferentes. Tomás foi com todo mundo. Quando ficou muito cansado, deu uma dormidinha rápida, só o necessário pra poder continuar na festa. Engatinhou no chão sujando a bermuda branca, brincou com os presentes que tinha acabado de ganhar, comeu cobertura de bolo, foi jogado pra cima e deitado na mesa pra receber afagos. E a noite, no banho, ele ainda gargalhava. 

Tomás não entendeu o batizado, mas achou tudo uma delícia, mesmo assim...

PS: Maelle completou 13 anos na véspera do Batizado do Tomás.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Tomás na praia



Desde antes de o Tomás nascer eu ficava imaginando ele na praia. Queria ver ele com sua sunga de estampa de futebol brincando na piscininha, mas não consegui fazer isso nem aqui em casa. Custou a fazer calor e depois choveu, choveu e choveu. Então fomos pra praia enfrentando a chuva e a serra de Petrópolis. E o Tomás acordado quase a viagem inteira.

Chegamos em Búzios umas 4 da tarde e fomos direto pra praia. Colocamos ele em pé na areia, bem na beirinha do mar. Eu sabia que ele ia adorar, mas não sabia como é um neném de 7 meses adorando a praia. O vento batendo forte na sua carinha fez ele gargalhar. Quando a onda vinha, ele ficava na pontinha dos pés, virava o corpo pra traz e dava um grito animado. Ficava tão empolgado que chegava a tremer. Na piscina ele não parava de rir. Quando saia da água, tomava uma chuveirada, recomendação da pediatra. Do chuveiro ele não gostou, mas enfrentava com bravura a água caindo na sua cabecinha. Mas o que deixou ele mais fascinado, hipnotizado até, foi a areia. Pegava na areia, abria e fechava a mão e, a la Macabéa, queria comê-la. Eu quis uma foto dele, mas ele não olhava pra câmera, só pra areia, concentrado em decifrá-la.

O Tomás gostou da viagem. Pro vento ele gargalhava, a grama, ele arrancava, a areia, ele decifrava e na piscina, relaxava. Comia pouco, dormia muito e na viagem de volta, quase não ficou acordado. Acabou que o Tomás convenceu a gente a comprar uma cota do clube e, de agora em diante, todo fim de semana lá está ele, de chapéu, protetor solar e suas gargalhadas.